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junho 19, 2009

Morreu ontem

BREVE MANIFESTO ANTI-PORTAS EM PORTUGUÊS SUAVE.
"Real Senhor ía passando... Encostado à bananeira, diz o preto para preta: está bonita a brincadeira."
1.- Estava eu 'posto em sossego' - aprestando o barquito da família para umas passeatas na Ria -, quando soube que vinham albergar em Aveiro nada menos que 2-intelectuais-2 de Lisboa, apostados em trocar a missanga de meia-dúzia de refervidas ideias por um açafate cheio do marfim eleitoral deste Distrito.De pronto apostado em estragar-lhes o negócio, ainda ponderei então a conveniência de dar um salto algarvio à Praia dos Tomates - para um tonificante estágio 'à la minuta', junto da elite bem-pensante e vegetariana da Capital em férias.Todavia, depressa desisti desse passeio para o sul - confiado em que a singela funda-de-David, que sempre me acompanha, bastaria para atingir e abater essas aves de arribação.Não é que não goste de pássaros. Gosto. Mas detesto os cucos políticos - que usurpam e se instalam com à-vontade nos ninhos feitos por outros companheiros (ía a escrever 'camaradas' - expressão regional caída em desuso, mas recuperável).

2.- Deixando os eufemismos, a verdade é que venho lutando desde há muitos anos (frustradamente embora) contra o latrocínio institucional de que a região de Aveiro vem sendo vítima: designadamente, tiraram-nos o Centro Tecnológico da Cerâmica; o Centro de Desportos Náuticos foi também para Coimbra; o discreto porto da Figueira da Foz vem sendo privilegiado em relação ao porto-de-mar de Aveiro; a nossa Universidade só começou a receber dotações decentes depois de saturada a Universidade do Minho; as questões da bacia do Vouga são tratadas na Hidráulica do Mondego; a Direcção dos Serviços da Segurança Social de Aveiro foi transferida para Coimbra; os nossos Serviços de Saúde foram degradados para 'sub-regionais'; a Agricultura do Distrito passou a ser dirigida pela Lusa Atenas e por Braga (!); e a supervisão da Educação na região foi repartida entre o Porto e a dita Coimbra.

3.- Só nos faltava agora mais essa: sermos doravante representados no Parlamento por dois intelectuais da Capital!Era o cúmulo passarem os Deputados por Aveiro a ser gente de fora - 'estrangeiros' para aqui impontados por Lisboa, como 'comissários políticos para zona subdesenvolvida' ou 'tutores de indígenas carecidos de enquadramento'.Tinha que reagir - e reagi !

4.- Na verdade, o Distrito de Aveiro sempre foi terra de franco acolhimento para quem vem de fora - para aqui trabalhar e viver, valorizando a região (que se torna também sua). Aliás, é esse um dos segredos do nosso crescimento e desenvolvimento. É esta uma das características da nossa identidade: somos gente aberta e hospitaleira, tolerante e liberal, civilizada, moderna, culta e progressiva; todavia - até por isso - nunca tolerámos que nos impontassem mentores!

5.- Disposto a barrar a promoção (à nossa custa) a tais intrusos, procurei apurar quem realmente sejam.

6.- Quanto ao Dr. Pacheco Pereira, foi-me fácil saber que, antes e depois do '25 de Abril', foi comunista radical - daqueles que (aos gritos de "nem mais um soldado para as colónias") impediram designadamente que Portugal pudesse ter evitado a guerra civil em Timor (e a subsequente invasão indonésia - com os dramas e horrores tão sobejamente conhecidos).Com sólida formação marxista-leninista, o Dr. Pacheco Pereira tem vários livros publicados sobre o movimento operário e os conflitos sociais em Portugal no início do século.Constou-me ter agora no prelo um longo escrito sobre as motivações íntimas que o terão levado a renegar o comunismo - opção ideológica que (a manter-se) não lhe teria permitido 'fazer carreira' no PSD, como é evidente...Todavia, segundo notícias de certo semanário, o Dr. Pacheco Pereira recusa o jogo de equipa que a social-democracia pressupõe: ditadorzinho, não quer na campanha eleitoral em curso a companhia do Dr. Gilberto Madail - que limita às vulgares tarefas de motorista: guiá-lo pelo Distrito (que mal conhece). Realmente, o Dr. Pacheco Pereira ainda carece de alguma reciclagem democrática...

7.- Quanto ao Dr. Portas, esfalfei-me a correr bibliotecas e alfarrabistas - à procura dos livros que tivesse dado à luz, donde pudesse inferir qual seja afinal a corrente de pensamento que o norteia. Baldadamente. De facto, o Dr. Paulo Portas apenas publicou um 'folheto de cordel' (que me custou 750$00) sobre os malefícios da integração do nosso país na Comunidade Europeia - opúsculo sem qualquer novidade em relação aos numerosos bilhetes-postais que vem subscrevendo no seu jornal (sem erros ortográficos, mas com pouco fôlego - valha a verdade).Digamos que tais escritos estão para o 'ensaio' como as quadras populares para o 'poema' - na forma e no conteúdo.Trata-se de breves crónicas fúteis (embora não tanto como as do MEC, que aliás lhe leva a palma no sentido de humor e imaginação). Espremidas - pingam apenas cinco ou seis ideias, que não chegam sequer para conformar o anarco-conservadorismo (?) que se arroga ser a sua actual matriz ideológica.

8.- Certo é porém ter sido com essas 'quadras soltas' que o Dr. Portas concorreu aos jogos florais da política recente - ganhando (por 'menção honrosa') a viagem turística ao círculo eleitoral de Aveiro, que o Partido Popular oferecia como prémio para o melhor trabalho apresentado por amadores sobre o tema do 'antieuropeísmo primário'.Tenho-me esforçado por lhe estragar tal passeio - com algum êxito.

9.- Julgavam o Dr. Portas e o enfadado Pacheco Pereira (outro excurcionista) que as respectivas candidaturas a deputado por Aveiro eram 'favas contadas'. Não nos conhecendo, supunham que os aveirenses ('provincianos' como nos chamam) ficaríamos enlevados e até agradecidos pela sorte (grande) de passarmos a ser representados no Parlamento por 'lisboetas de tão alto gabarito' (a expressão não é minha, evidentemente).Terão assim ficado surpreendidos pelo 'impedimento' que - logo após a 1ª anunciação - eu próprio (parente muito chegado da noiva) entendi opôr firmemente ao casamento-de-conveniência que pretendiam contraír com a minha querida região de Aveiro (num escandaloso golpe-de-baú eleitoral - para usar linguagem de telenovela).Como consequência imediata, eles - que tencionavam 'casar por procuração' (que é como quem diz sem-sequer-cá-pôr-os-pés) - tiveram que se dar ao incómodo inesperado de interromper as regaladas férias que gozavam e vir mesmo mostrar-nos os seus dotes.Estraguei-lhes o arranjinho!

10.- O primeiro a comparecer foi o Dr. Portas.Chegou de fato novo e ideias velhas.E instalou-se num hotel da região - escolhido pela mãezinha (no Guia Michelin).Desde então, quase não tem feito outra coisa senão passar a 'cassete' - que gravou contra a participação de Portugal na Comunidade Europeia.Tão desenvolto como qualquer vendedor de banha-da-cobra, impinge a quem se acerca as suas críticas à integração (aliás com a mesma monotonia com que o Marco Paulo repete ter dois amores).E confunde deliberadamente os erros crassos cometidos pelo cavaquismo (nas negociações internacionais e no desenvolvimento interno das políticas sectoriais da integração) com a própria integração - o que constitui uma desonestidade intelectual inaceitável.Pior é quando reclama que seja submetida a referendo a nossa entrada na União Europeia - depois de já termos entrado (e... recebido os milhões e milhões que essa opção facultou aos incompetentes governos do PSD) ! Aliás, o Portas não explica sequer que mirífica alternativa à comparticipação na CE teríamos podido escolher.

11.- Confrontado com questões políticas mais comezinhas (como a regionalização e o tratamento dos resíduos tóxicos), não tem opinião própria ou não sabe para que lado lhe convém cair - e refugia-se então na evasiva: reclama um plebiscito 'adequado'.

12.- Fundamentalista e vaidoso, o Dr. Portas parece estar convencido de que não existe mais nenhum português inteligente e verdadeiramente patriota - além dele e do Dr. Manuel Monteiro.Aliás, o Portas tem o nosso povo em fraquíssima conta...Não obstante, messias da restauração, reclama 'missionários' (sic) para o seu ridículo sebastianismo - sem revelar de que Alcácer Quibir pretende afinal a reconquista.

13.- Inseguro, o jovem Portas sublima os seus problemas existenciais numa catarse de legitimidade duvidosa: exacerba as opiniões políticas que defende a um grau de intolerância que excede manifestamente o radicalismo aceitável de quem se move apenas por convicções arreigadas - tornando-se injusto, maledicente e agressivo.Aliás, o frenesim que reveste a sua militância é bem um indício dessa terapêutica (praticada que foi, também, por 'chefes' cujos nomes a História registou - mal comparando...).

14.- Políticamente, o Portas é um 'bluff' - produto acabado de certos meios intelectualóides da Capital, que funcionam em circuito fechado: por convites mútuos, elogios recíprocos e esquemas de sobrevivência imediata.Entre muitos outros, fazem parte de tal 'entourage' o avinagrado Vasco Pulido Valente ('avinagrado' de vinagre - entenda-se) e sua piedosa esposa, D. Constança Cunha e Sá - ambos comungando os chorudos ordenados que "O Independente" (assim chamado) do Dr. Portas lhes paga, pelas crónicas de mal-dizer que semanalmente ali escrevinham, no cómodo formato A4.Também o inefável Miguel Esteves Cardoso colabora no endeusamento do Portas, rebuscando a favor do patrão os trocadilhos que lhe deram notoriedade há mais de 20 anos - aquando era uma espécie de menino-prodígio da escrita fútil.Pena que tenha deixado de ser prodígio e se mantenha menino; pena que desperdice agora o seu inegável talento juvenil a produzir romances pornográficos - ainda que muito apreciados pelas pegas e pederastas do Intendente e pelo crítico Henrique Monteiro, que os reputa (o termo é adequado) como peças exemplares da literatura moderna.

15.- O Portas é elitista. Mas simula demagogicamente interessar-se pelos problemas daqueles a quem, no seu milieu, é uso chamar 'as classes baixas' - como aconteceu recentemente na Bairrada, quando fingiu participar na vindima que gente simples e autêntica da terra levava a cabo (por castigo andando agora, há já várias noites, a pôr 'creme nívea' na sua mãozinha mimosa, nunca antes maltratada por qualquer alfaia agrícola).

16.- O Portas é dissimulado: esconde da opinião pública parte da sua verdadeira identidade.Concretamente, oculta que é monárquico - opção que, sendo embora legítima, tinha obrigação de revelar àqueles a quem pede o voto para deputado da República !É a tal 'falta de transparência política' que critica - nos outros, claro...

17.- O Portas é um democrata precário: por falta de formação ou informação, por carência de convicções ou por incoerência, rejeita a aplicabilidade universal da regra '"um homem-um voto" - verdadeiro axioma da Democracia essencial.Assim sendo, não me admiraria nada que o Dr. Portas resvalasse a curto prazo para a defesa de soluções autoritárias para a governação dos portugueses, que (no seu entender) revelam "uma estranha tendência para o precipício".

18.- Eleitoralmente, o Portas é desleal: vicia as regras do jogo. Na verdade, tendo-se feito substituir formalmente na direcção d' "O Independente" (assim chamado), usa agora tal semanário como jornal-de-campanha privativo, aí publicitando escandalosamente os seus palpites e auto-elogios e atacando e denegrindo os adversários - com a cumplicidade na batota do respectivo 'conselho editoral' !Porque não sou 'queixinhas', não vou lamentar-me nem reclamar contra tão anómalo procedimento - junto da comissão-de-ética do Sindicato dos Jornalistas, junto da Alta Autoridade para a Comunicação Social ou mesmo junto da Comissão Nacional de Eleições.Não vou sequer queixar-me à mãezinha do Dr. Paulo Portas. Tão-pouco protestarei junto do Dr. Nobre Guedes - tido por 'dono do jornal' -, até porque sei que anda absorvidíssimo por visitas diárias a feiras e mercados e pelas demais tarefas da sua própria 'candidatura a sanguessuga' (também pelo PP), sem que lhe reste tempo para se preocupar com subtilezas e ninharias éticas.Aliás, provavelmente não será especialista em 'deontologia profissional do jornalismo'.Assim sendo, remeto a apreciação da chocante conduta do Dr. Portas e d' "O Independente" para a opinião pública e para os jornalistas Daniel Reis, Cáceres Monteiro, César Principe e José Carlos de Vasconcelos - tidos por profissionais honestos, competentes e livres (aliás como muitos outros). Concretamente, permito-me perguntar-lhes se acham que o comportamento daquele semanário e do Dr. Portas (que usa fazer a apologia dos valores morais sociais) seja éticamente aceitável.

19.- De facto, não é fácil ser-se coerente e sério em política !

20.- Particularmente difícil é porém 'fazer carreira política' em Portugal - sobretudo quando não se dispõe do apoio de qualquer dos 'lobbies' que condicionam quase toda a nossa actual vida pública. Estou a referir-me à 'solidariedade corporativa' na promoção individual de que beneficiam os membros da Maçonaria, os confrades da Opus Dei, os agentes dos grupos económicos e - mais recentemente - os parceiros da comunidade 'gay'. Trata-se de organizações ou agregados que mantêm intervenção (directa ou indirecta) praticamente em todas as estruturas da nossa vida colectiva - também nos partidos políticos e na comunicação social.Agindo concertada ou avulsamente,os membros de tais 'lobbies' têm grande influência sobre muitas tomadas de posição de quem-de-direito e sobre a formação da opinião pública.Podem designadamente ajudar ao aparecimento de pretensos génios artísticos, 'heróis sociais' ou ídolos-de-pés-de-barro (como são muitos dos políticos de sucesso).

21.- Por definição, as interferências do género são discretas ou mesmo subliminares - e passam geralmente desapercebidas aos cidadãos influenciáveis.Na verdade, quem é que, de manhã, ao acompanhar a torrada e o galão do dejejum com a leitura do 'Público', pondera que esse jornal tem dono - e que o editorialista Vicente Jorge Silva é capataz dos respectivos interesses (mesmo quando - agora instalado - escreve considerações que fazem lembrar os tempos remotos e diferentes em que foi considerado pelos situacionistas de então como um jovem rasca da 'geração de 60') ?E quem perceberá que está a ser condicionado na formação da sua opinião, quando escuta na rádio uma análise ou critica - injustamente lisonjeira - da acção de um diplomata, do trabalho de um artista ou da capacidade de um político homossexual proferida por outro homossexual, se não souber que tal apreciação reporta afinal a solidariedade de pessoas da mesma minoria ?

22.- A acção de todos ou alguns desses 'lobbies' perpassa de facto os principais partidos - transversalmente.E, por vezes, é no espírito-de-corpo ou jogo de conveniências dos respectivos protagonistas que se encontra explicação para surpreendentes convívios gastronómicos no 'Gambrinus' ou na província e para inesperados apoios ou solidariedades espúrias ocasionalmente detectáveis nos mais variados campos da nossa vida colectiva.

23.- Republicano convicto, socialista humanista e democrata sem transigências, tenho feito o meu discreto percurso de político-não-profissional apenas com a ajuda dos activistas locais do PS e o firme apoio da gente bairrista da região de Aveiro - sem compromissos em relação a qualquer daquelas estruturas ou 'forças de pressão'. Livre e independente como sempre, enfrento a presente conjuntura eleitoral com justificada confiança.Estrêla de 3ª grandeza nos céus confinados do meu Distrito, nada me ofusca o brilho fugaz do citado Dr. Portas - cometa ocasional, que desaparecerá deste firmamento tão depressa como apareceu (e... sem deixar rasto).Tão-pouco me perturba a dimensão aparente do Dr. Pacheco Pereira - lua nova doutras galáxias, que (perdido o fulgor militante que o marxismo-leninismo lhe emprestava) agora só é visível quando reflecte a claridade frouxa dessa extensa nebulosa que se chama PSD.

24.- Na minha terra, sou mais forte do que eles !

25.- Na noite do próximo dia 1 de Outubro, espero poder pendurar no meu cinto de caça política as tais duas aves de arribação - espécies exóticas lisboetas pouco apreciadas na região cinegética de Aveiro: um garnisé-cantante e um pavão-de-monco-caído.Esses troféus servirão de espantalho a futuras transmigrações para esta 'zona demarcada entre o Douro e o Buçaco' !

Carlos Candal, Setembro 1995

abril 23, 2009

Mais Gente de Anadia

Zita Seabra
por FERNANDO MADAÍL 16 Junho 2007
Queria ser bailarina e acabou política.
'Foi Assim' é o título do livro em que Zita Seabra, ex-dirigente do PCP e actual parlamentar do PSD, irá contar a sua biografia. Até ao lançamento, a 5 de Julho, remeteu-se ao silêncio e nada se sabe acerca do teor da obra. O DN resolveu traçar-lhe o perfil. A sua vida terá sido assim?
Da coreografia elegante feita sobre a música de Villa-Lobos Bachianas Bra sileiras, na Academia de Bailado do Porto, então dirigida pelo basco Pirmin Treku, até à perigosa dança das falsas identidades, entre 1966 e 1974, virou-se uma página da vida que lhe moldou o futuro.
Aos 17 anos, Zita Maria de Seabra Roseiro, que andava em pontas desde os nove e tinha chegado a pisar o palco do Teatro S. João, abandonava o sonho de menina - ser bailarina. Abraçava, então, a utopia romântica de ser uma nova Mariana, a heroína desse romance proibido que uns amigos lhe tinham emprestado, Os Subterrâneos da Liberdade, em que Jorge Amado descreve, em três volumes, a história dos comunistas brasileiros.
Figura de proa do movimento comunista português nas últimas décadas - pela ortodoxia de que foi guardiã, pelo pioneirismo na crítica interna, por ter trocado o PCP pelo PSD -, Zita Seabra vai lançar um livro, no próximo dia 5 de Julho, a explicar Como Foi - o título da obra, de que apenas se sabe que tem 300 páginas e chancela da sua editora, a Alêtheia.
Mesmo que não tenha o recorte literário de Eça de Queirós ou de Bruce Chatwin, para citar dois dos escritores que aprecia, o livro pode revelar as suas conversas com Cunhal ou com Cavaco, mas dificilmente terá o mesmo impacto de O Nome das Coisas, que selou a sua cisão com o PCP. Nesse livro de 1988 avisava: "Ninguém busque, nestas páginas, escandalosas revelações sobre segredos partidários nem ataques ou vindictas pessoais." Agora, nada se sabe.
Mas quem é, afinal, esta mulher que, em Maio de 1988, quando foi entregar as chaves do Renault azul metalizado a que até então tinha direito, como membro da Comissão Política (em Novembro, seria expulsa do Comité Central e, em Janeiro de 1990, do partido), ouviu Cunhal dizer-lhe "nunca mais serás nada na vida"?
Quem é esta política que, contrariando o anátema do seu líder durante 23 anos, aceitou o cargo de coordenadora do Secretariado Nacional do Audiovisual (que se fundiu com o Instituto Português de Cinema, originando o Instituto Português de Artes Cinematográficas e Audiovisuais, de que seria a presidente), sendo fotografada a sorrir quando cumprimentava, em 1993, o (então) primeiro-ministro Cavaco Silva?
Quem é a deputada que se celebrizou na bancada comunista a defender, de forma entusiástica, a primeira lei de interrupção voluntária da gravidez e se pronunciou, embora de forma discreta, na bancada social-democrata, de que é vice-presidente, pelo "não" no último referendo?
Apreciadora de Mozart e de fado, a filha única do engenheiro Mário Ramos Carvalho Roseiro e da doméstica Zita Marques Moreira Seabra, que moravam em Sangalhos, foi nascer a Coimbra, a 25 de Maio de 1949, que era onde havia uma boa maternidade.
Aos dois anos, a família muda-se para Castelo Branco, mas quando a menina que pensou seguir Medicina entrou na primária passaram a viver no Porto. No Carolina Michaelis, a primeira tomada de posição daquela figura magra que seria eleita presidente da Comissão Pró-Associação dos Liceus do Porto foi manifestar-se contra a proibição de as alunas usarem calças. E, aos 15 anos, era aliciada para entrar no PCP.
Apenas com o 6.º ano (equivalente ao actual 10.º) concluído, entra na clandestinidade, com uma passagem de nove meses por Paris, em casa de Carlos Antunes (que iria fundar, em 1970, o PRP-BR), para despistar a polícia política. E, no entanto, Maria Helena Sá da Costa, como garantia o seu falso Bilhete de Identidade, ainda se alojou no Porto em casa de um ex-elemento da PIDE, de onde saiu ao receber um telegrama, enviado por um camarada, a dizer: "Tua mãe à morte."
Regressou de Coimbra, de onde tinha sido enviada a mensagem, vestida de negro e em lágrimas, como quem esteve num funeral, explicando que tinha de mudar de cidade, sem que o ex-pide percebesse que tinha alojado a controleira no Porto da Organização dos Estudantes do PCP - que iria originar a UEC (União dos Estudantes Comunistas).
Em casas sucessivas onde só se mantinha um poster com o poema de Cesário Verde "De Tarde" (o que começa com o verso "Naquele 'pic-nic' de burguesas"), tanto abria a porta na Páscoa a um padre que era irmão de Rosa Casaco (o pide que fotografava Salazar e chefiou a brigada que matou Humberto Delgado) na aldeia de Cete como se fazia passar por hospedeira da TAP em Lisboa.
Nesses anos de sombra, passou a odiar frango assado, que era o que lhe levavam quando tinha fome, e conheceu Carlos Brito, com quem esteve casada até 1986 e que é o pai das suas filhas Ana e Rita. Passaria a viver, depois, com o médico João Guimarães, com quem teve o filho Francisco.
O resto da história é mais conhecida. Ortodoxa comunista, como é recordada desde os tempos em que estava à frente da UEC, foi logo eleita para a Assembleia Constituinte e, depois, até 1987, seria deputada pelo PCP - regressaria ao Parlamento, em 2002, nas listas do PSD. Acerca das suas relações com o fraccionista Grupo dos Seis (Vital Moreira, Veiga de Oliveira, Silva Graça, Sousa Marques, Vítor Louro e Dulce Martins) e a Terceira Via (onde estavam figuras que ficaram, como Saramago, e outras que saíram, como Canotilho), as expulsões dos órgãos partidários - "caiu-me a alma aos pés", diria, anos mais tarde (DNA, 10/04/1999) - deve vir tudo explicado em Como Foi.
Nessa altura, sem nunca ter tido profissão fora do partido, foi convidada pelos fundadores da Quetzal, Maria da Piedade Ferreira e Rogério Petinga, a trabalhar com eles - no ano seguinte, ofereciam-lhe mesmo uma quota de 25% da sociedade. A leitora de Agatha Christie e Leão Tolstoi, Vergílio Ferreira e Maria Velho da Costa, quando a pequena editora foi comprada pela Bertrand, passou a ser directora comercial de ambas. E, em 2005, fundava a sua Alêtheia. Mas - foi repetindo em várias entrevistas - o seu grande sonho era mesmo ter sido bailarina.
Hemiciclo. Passou da esquerda, onde era uma famosa deputada do PCP, para a direita, onde é vice-presidente da bancada do PSD. "Não admito", diria ao Expresso (15/05/1993), "que uma pessoa (...) traga uma cruz às costas só por ter pertencido ao PCP".
Ortodoxa. "Dissidentes [na URSS]? Quais dissidentes? Fascistas como o Soljenitsin, que apoiam o Chile de Pinochet?" Numa entrevista ao DN (24/11/1979) era assim que via o mundo, estava ainda Brejnev no poder em Moscovo. Antigos camaradas do Comité Central, sob a capa do anonimato, confidenciavam ao Expresso (22/05/1993) que Zita tinha sido uma "estalinista de aparelho, fundamentalista, excessiva e primária" e que, ainda nos tempos da UEC, só promovia os "puros e duros como ela".

Gente de Anadia

O VELHO CAVALO QUE VOLTA À CORRIDA
por
FERNANDA CÂNCIO 07 Março 2009

Vital Moreira. Diz-se 'freelancer': do PS como, assegura, foi do PCP onde chegou a desafiar Cunhal a abandonar a direcção antes de sair ele próprio, em 1990. Jurista, político e opinador, mantém quase secretas as suas outras vidas: o amor da fotografia, da literatura e da música e, dizem amigos, do vinho
Brilhante, arrogante, distante. E o resto? "Uma armadura", diz um amigo
"Ele não tem nada a ganhar, só tem a perder". A apreciação sobre o cabeça de lista do PS às eleições europeias vem de José Miguel Júdice, do outro lado da barricada ideológica coimbrã dos anos 60, quando a academia se ergueu contra o regime. "Não só porque é evidente que o ordenado de um mês como eurodeputado ele ganhava num só parecer, como porque vai ser enxovalhado. É o que sucede a quem se mete na política. Podia estar tranquilamente a ganhar dinheiro e a ter fins de semana e vai para aquilo... Fiquei surpreendido. Coloco-me no lugar dele, se alguém me convidasse eu não aceitava. É um acto de grande generosidade."
Apesar de se terem conhecido "no meio de polémicas violentíssimas", é alguém que Júdice garante "respeitar muito". "Eu era o líder da direita estudantil e ele era um dos líderes da esquerda. Estávamos de relações cortadas e fui trabalhar com ele na cadeira de Direito Corporativo - curioso, que o regime permitisse a um comunista ser regente de uma cadeira daquelas - sem nos falarmos." Vital, que só se filiaria no PCP em 1974, havia de ser expulso da Universidade em 1969, era já assistente, pelo então ministro da Educação José Hermano Saraiva, e reintegrado por Veiga Simão um ano depois, graças ao concurso de Afonso Queiró, director da faculdade e destacado líder da Acção Nacional Popular (o partido do regime) a quem agradece a carreira académica. Júdice saiu de Coimbra depois de 1974 ("Senti que fui lá maltratado") e não voltaram encontrar-se senão muitos anos depois, quando o advogado e empresário tinha já "feito o hotel da Quinta das Lágrimas". "Tão bonito o que fizeste", disse-me ele, "É tão bom passear lá com o vento a bater nos canaviais". Não ficaram propriamente amigos, mas há afecto na voz do advogado. "É uma pessoa muito sincera, com o coração ao pé da boca. E tem uma grande qualidade que também creio ter - o de não ter medo de ir à luta por aquilo em que acredita. Deixou o PCP, por exemplo, que é uma coisa terrível, sucedeu com o meu pai, o nome nunca mais é pronunciado... E é um homem muito emocional."
Muito emocional, Vital Moreira? Dir-se-ia o contrário. A imagem é a de um sobranceiro professor, de resposta sibilina e ironia subtil, o rosto fixado num semi sorriso. Arrogante, vaidoso, de uma insuportável presunção de sapiência, dizem os menos apreciadores, frio e distante, dizem os menos próximos. Não simpático, decerto, mesmo se todos, mesmo os supostos inimigos, lhe reconhecem o brilho: fantástico orador, com a "necessária demagogia", como aquilata Júdice, ouviu e leu muitas vezes de si, nos tempos de deputado do PCP: "Que pena ser comunista".
O deputado do PS Osvaldo Castro, amigo muito próximo que o conhece desde os tempos do PCP e o acompanhou na dissidência, di-lo "ensimesmado", alguém que "se esconde um pouco" e cuja exposição pública, por exemplo no programa da TVI24, onde só participou num debate, "tem de ser arrancada a ferros". Albano da Silva Pereira, director dos Encontros de Fotografia de Coimbra e notório bon vivant, vê-lhe "uma armadura". A armadura que guarda do público o outro Vital. Por exemplo "o amante da fotografia", que chegou a ter (ainda terá?) um laboratório em casa e que desde os anos 80, quando Albano o conheceu, se aperfeiçoou numa arte cujo amor terá "apanhado" do irmão da actual mulher, Maria Manuel Leitão Marques. "O António Leitão Marques, irmão da Maria Manuel, médico aqui de Coimbra, já fazia fotografia. Creio que foi com ele que a coisa começou." Vital, que costuma postar fotos suas no blogue Causa Nossa (causa-nossa.blogspot.com) - que criou em 2003 com Ana Gomes, Vicente Jorge Silva, Luís Nazaré, Luís Osório e Maria Manuel como prolongamento de uma tertúlia que reunia em jantares no restaurante Casa Nostra - sob o título "lugares de encanto" já expôs no Centro, numa colectiva. "Creio que eram fotos de Angola, a preto e branco. Ele trabalha muito as coisas, estuda muito. É um perfeccionista na fotografia como em tudo. Há nisso uma certa rigidez que tem a ver com a linha ortodoxa, cristalizada, da militância comunista. Pelo menos é o que eu acho."
Quase insuspeito este Vital, que só em perfis - poucos - do final dos anos 80 assumiu a paixão pela fotografia, que escreveu um livro sobre a paisagem na obra do romancista e poeta Carlos de Oliveira (Paisagem povoada: a Gândara na obra de Carlos de Oliveira, 2003) , que fez a sua tese de doutoramento, em 1996, sobre a casa do vinho do Porto (e que os amigos garantem um grande apreciador de vinho, sobretudo da Bairrada, e do leitão da mesma zona - a sua) e cujo fascínio por Shakespeare e pelos clássicos anglo-saxónicos o fez decidir, no fim do liceu, seguir Germânicas. O Vital que, ao avesso da caracterização monolítica, foi capaz de mudar de ideias e se inscrever em Direito por causa de uma conversa. "Sou um jurista acidental. Estava na fila de inscrição na faculdade, em Setembro de 1962, e ao meu lado estava o Manuel Alberto Valente (hoje na Porto Editora). Começámos a falar, e como não fomos atendidos nesse dia fomos jantar e acabámos por arranjar um quarto para ficar. E ele convenceu-me a ir para Direito. Comecei a estudar literatura inglesa mas acabei jurista..." Seria o outro que não faria Direito: ele acabaria um dos mais notáveis juristas portugueses. Sorri. "Os acasos acertam."
Ou isso ou um penchant pelo jogo, pelos instantes decisivos. Capaz de arriscar tudo num momento mas também de mandar tudo ao ar pelas suas convicções - como quando após a revisão constitucional de 1982, não se revendo nas opções do partido, largou o lugar de deputado comunista e voltou à academia, para ser pouco depois escolhido para o elenco do Tribunal Constitucional. Como quando desafiou Cunhal abandonar a direcção do partido, em 1990 ou, asseveram os amigos Osvaldo e Raimundo Narciso (outro dissidente), "dirigiu" as dissidências dos anos oitenta e noventa, incluindo a de Zita Seabra, em 1988 ("A Zita era uma criatura dele. Enquanto no PCP e na saída"). Como quando na revisão constitucional de 1997, convidado por Guterres para dirigir os trabalhos da bancada socialista (tinha sido o primeiro suplente por Coimbra às legislativas de 1995) mas sentindo que o processo não estava a ser transparente, mandou o PS às urtigas, para romper definitivamente com a direcção guterrista devido à sua posição no aborto e dizer hoje "o guterrismo foi um grande falhanço com pequenas excepções".
"Sou como o jogador de xadrez que não consegue estar diante do tabuleiro: ou joga ou vai-se embora! Eu joguei". A frase tem 29 anos mas encaixa no momento em que o autodenominado freelancer aceitou o convite para cabeça de lista do PS às europeias. "Foi-me apresentado um argumento convincente: o de deixar de passar de treinador de bancada para o campo." A decisão, tomada menos de um dia antes do anúncio, foi segredo até ao fim. Osvaldo Castro esperava outro nome e até saiu do congresso mais cedo. "Tinha um jantar no Porto, deram-me a notícia pelo telefone."
A frase é, pois, antiga - de um homem então com 37 anos, franja densa como hoje (então escura) e grandes óculos de massa, nascido em 1944 em Vilarinho do Bairro, Anadia, um de três filhos de uma agricultora "que acabaria doméstica" e de um comerciante ambulante. O homem que confessa ter sentido muito tempo "falta de atracção pela política concreta", realizando-se naquilo que chama "acção política intelectual", inciada nos anos 60 como colaborador da revista Vértice; que recusou dois convites para o Comité Central do PCP mas aceitou ser cabeça de lista por Aveiro às legislativas, fazendo campanha sozinho, de megafone no seu carro, e arrebatando o primeiro lugar para o PC no distrito ("um one man show", diz). O homem que o 25 de Abril surpreendeu em Londres, a fazer o doutoramento (só terminado 22 anos depois) e que diz não fazer normalmente inimizades políticas por "nunca atacar as pessoas, mas sim as ideias"; que acumulou funções de grande dignidade jurídica (desde a direcção de um mestrado em Direitos Humanos, em Veneza, à integração numa comissão de peritos independentes para a Carta dos Direitos Fundamentais daUE) e dá aulas em várias universidades, mas recusa usar as insígnias dos catedráticos, os chamados " capelo e borla" por as achar "ultrapassadas e ridículas" - e a quem o amigo Osvaldo pergunta: "Vale a pena andares nessa guerra?"
Vital Martins Moreira, 64 anos, acha que sim. Essa, a do capelo e borla, e muitas outras. O velho cavalo, como se apelidou em 1982 no regresso ao parlamento, voltou à corrida. Veremos se, como na altura ajuizou, dará de novo "boa conta de si".

abril 15, 2009

El Grito de Yara

En la noche del 9 al 10 de octubre de 1868, en el ingenio La Demajagua, se inició la Guerra de los Diez Años. Allí Carlos Manuel de Céspedes y del Castillo dio a conocer, en el "Manifiesto de la Junta Revolucionaria de la Isla de Cuba", las ideas y los fines del movimiento revolucionario que buscaba la independencia de Cuba basado en la igualdad de todos los hombres, blancos o negros, cubanos o españoles, mantenida por el Padre Félix Varela al defender la abolición de la esclavitud.
La bandera que enarboló Carlos Manuel de Céspedes estaba inspirada en la de
Chile. Fue confeccionada por Candelaria Acosta (Cambula), pero la estrella fue dibujada por Emilio Tamayo. Esta bandera fue utilizada en Oriente como la bandera de la nueva República en Armas hasta que en la Asamblea de Guáimaro se adoptó la de Narciso López.
La idea inicial de Carlos M. de Céspedes, desde ese momento ya Padre de la Patria, era tomar la ciudad de
Manzanillo, no sólo por la cercanía al lugar del pronunciamiento, sino, por la importancia de la plaza; sin embargo, la pérdida del factor sorpresa, la falta de experiencia marcial de los complotados y la carencia de armas de fuego, le hicieron desistir de la idea. No obstante, como prueba irrecusable de la intención queda para la historia la composición por parte del mismo Céspedes de la Marcha a Manzanillo, himno patriótico con el cual pensaba soliviantar el espíritu público de los manzanilleros cuando tomara la plaza y la firma del Manifiesto de la Revolución, rubricado en Manzanillo y no en el lugar donde ciertamente se verificó y juró: el ingenio Demajagua.
Después de terminada la reunión convocada por Carlos Manuel de Céspedes en La Demajagua y ante la imposibilidad de tomar la portuaria ciudad de Manzanillo, los revolucionarios -en un número aproximado de 600-, deciden marchar hacia Sierra de Naguas con el objeto de aumentar las fuerzas insurgentes; sin embargo, a su paso por el poblado de
Yara son dispersados por una columna española proveniente de Bayamo. El comienzo de la Guerra de los Diez Años se ha identificado con Yara debido precisamente a que mientras la reunión y planteamientos realizados en La Demajagua pasaron inadvertidos inicialmente, la derrota de los insurrectos en el asalto al pueblo de Yara al serle comunicada al Capitán General fue lo que recogió la prensa de La Habana y Madrid.



Bandera de la Demajagua, usada por primera vez durante el grito de Yara

Pôr do Sol em Cuba (Varadero)















março 12, 2009

Van Morrison

"La gente como yo debe andarse con cuidado con las discográficas"
"Sólo me gusta la música. El resto es pura mierda"
Van Morrison critica ácidamente a la industria musical durante una entrevista en EL PAÍS
En una de sus escasas entrevistas, el León de Belfast critica ácidamente a la industria musical, viaja a los orígenes y explica por qué ha rehecho tema por tema el mítico 'Astral weeks'
Astral weeks está considerado como uno de los mejores discos de la historia del pop. Un monumento a los arreglos grandes y las historias pequeñas, se grabó en régimen de comuna jazzística durante dos días de 1968, bajo la dirección y con las composiciones, extensas, inagotables, de Van Morrison (Belfast, 1945).
El músico irlandés nunca tocó aquel material en directo. Hasta noviembre pasado, cuando interpretó (y registró) en dos conciertos en Los Ángeles las ocho canciones en el mismo orden en que se publicaron. Estos meses, 41 años después, Morrison viaja con aquel material por el mundo (el 18 y 19 de abril, en Londres).
Pregunta. ¿Por qué ha elegido este momento para salir de gira?
Respuesta. Hay muchas razones. No he tocado con ninguno de aquellos músicos desde entonces. En esa época nadie me daba dinero para hacerlo. El público llevaba décadas pidiéndolo. Y a mí en realidad me basta con eso.
P. ¿Qué recuerda de las sesiones de grabación?
R. No hubo muchas tomas. Se grabó como un disco de jazz, que es como a mí me gusta hacerlo. Lo más importante era la espontaneidad de lo que estaba sucediendo.
P. Sé que todavía hoy le gusta grabar así, sin sobreproducirlas.
R. Provengo del jazz. Eso es todo.
P. A lo largo de su carrera ha ido consiguiendo control sobre lo que hace. Con esta grabación inaugura un nuevo sello discográfico, Listen to the Lion.
R. Acabo de abandonar Universal porque no hacían más que aprovecharse de mí. EMI distribuirá mi sello.
P. ¿La forma en que escribe ha cambiado en estos 40 años?
R. Es como lo que Jung decía sobre el proceso creativo, que es hacer que lo inconsciente se vuelva consciente. Astral Weeks venía del subconsciente. Mis últimas canciones proceden más bien de la reflexión. Sobre ellas hay más revisión.
P. ¿Sigue siendo una guerra tratar con los ejecutivos de los sellos, como insinúa en algunas de sus canciones, por ejemplo, Showbusiness y Drumshanbo Hustle?
R. Los negocios sólo son negocios y, a fin de cuentas, son despiadados. Esas personas no son amigos míos. No las conozco. No es como en los viejos tiempos, cuando había productores y sellos discográficos de verdad; gente que realmente sabía algo de música. El principio del fin fue cuando muchos de esos tipos vendieron sus sellos. Probablemente hayamos dejado atrás el final de la historia de la verdadera industria discográfica...
P. Que está paralizada por el pánico...
R. Dicen que la industria está acabada, pero yo he vendido más de dos millones de copias el año pasado. Es como si pensasen con el culo. Hay mucha hipocresía. Yo no voy a meterme en el negocio de las descargas porque no soy un artista de descargas. Puede que algunos lo sean y, ya sabe, es el futuro; pero yo prefiero algo que pueda sostener.
P. Al parecer, en el reproductor de iTunes, su música se clasifica como algo distinto cada vez. Como pop, como rock, como músicas del mundo...
R. Yo la definiría como soul.
P. Pero luego es capaz de hacer un disco de jazz o de skiffle o de country...
R. A ver, si fuera un río tendría afluentes. Todo tipo de afluentes. Pero todo está conectado con mi origen.
P. Hay una especie de cliché entre los artistas, que siempre están intentando escapar de su pasado o de reinventarse. Pero usted vuelve a él constantemente.
R. Es de donde saqué la palabra. Y tuve la suerte de conocer a gente como John Lee Hooker, que fue muy buen amigo mío durante años, y conectar con lo que quiera que eso sea, no sé, algún tipo de energía.
P. ¿Tiene pensado sacar algo de su material inédito?
R. Depende, porque la situación con las discográficas se está convirtiendo en algo así como darse cabezazos contra una pared. No tienen ni idea de adónde se dirigen. Coges un periódico y siempre están con lo mismo. Sólo transmiten pesimismo. Así que, ¿por qué diablos ibas a querer firmar con alguien que te dice que el fin del mundo está a la vuelta de la esquina? La gente como yo debería andarse con cuidado.
P. ¿Se mantiene informado sobre pop actual?
R. Nunca me ha interesado realmente la música pop. Me aburría y me sigue aburriendo.
P. Teniendo en cuenta todo eso de que el final está cerca... ¿Le parece irónico haber sacado el disco que ha llegado más alto en las listas en toda su carrera precisamente ahora?
R. Sí, pero ellos ni siquiera se dieron cuenta. Pasaron de él. No hubo nada, ni promoción, ni seguimiento.
P. Pero aun así, se le ve muy entusiasmado.
R. La mitología fue inventada, supongo, por gente como Bill Graham, él es uno de ellos. Él inventó el gran espectáculo del rock. Ésa fue probablemente la última mitología, aunque quizá ha habido más desde entonces. Y antes de eso estaba el mito de The Beatles. Y antes de eso, no sé, el mito de Elvis Presley. Siempre ha habido mitologías, y la gente siempre ha encontrado la manera de aprovecharse de ello. Supongo que es esto de los grandes espectáculos de rock y de abarrotarlos de gente, que está basado principalmente en la codicia pura y dura.
P. Pero sigue motivándole...
R. Lo único que me encanta es la música. El resto es pura mierda. El tipo de mierda que la fama atrae es muy oscura. Es muy oscura. Me gusta la música, eso es todo.
Scott Foundas / Village Voice Media

junho 23, 2008

Valonga

São 2.600 metros quadrados de pinhal (ou floresta virgem), para aí 30x87m, encostados ao Marquês da Graciosa, em São Mateus. Uma perfeita extravagância!

























junho 11, 2008

Anadia por todo o lado































Mas nem sempre se consegue conjugar correctamente a palavra Anadia

fevereiro 12, 2008

D. Ximenes Belo

D. Ximenes Belo em visita particular à Figueira da Foz

D. Ximenes Belo esteve esta terça-feira na Figueira da Foz a convite de um amigo, para descontrair e respirar ar puro. O Prémio Nobel da Paz de 1996 visitou a Serra da Boa Viagem e a Igreja de S. Pedro.

Carlos Filipe Ximenes Belo nasceu em 1948, mas é como D. Ximenes Belo, bispo da Igreja Católica que fica na História.
Quinto filho de Domingos Vaz Filipe e de Ermelinda Baptista Filipe, Carlos Filipe Ximenes Belo nasceu na aldeia de Uailacama, concelho (hoje distrito) de Baucau, na costa norte do então Timor Português. O seu pai, professor primário, faleceu quando o jovem Carlos Filipe tinha apenas dois anos de idade. Os anos de infância foram passados nas escolas católicas de Baucau e Ossu, antes de ingressar no seminário de Daré, nos arredores de Díli, formando-se em 1968. Exceptuando um pequeno período entre 1974 e 1976 – quando esteve em Timor e em Macau –, entre 1969 e 1981, Ximenes Belo repartiu o seu tempo entre Portugal e Roma, onde se tornou membro da congregação dos Salesianos e estudou filosofia e teologia antes de ser ordenado padre em 1980.
De regresso a Timor-Leste em Julho de 1981, D. Ximenes Belo esteve ligado ao Colégio Salesiano de Fatumaca, onde foi professor e director. Quando em 1983 se reformou Martinho da Costa Lopes, Carlos Filipe Ximenes Belo foi nomeado administrador apostólico da diocese de Díli, tornando-se chefe da igreja em Timor-Leste, respondendo exclusivamente perante o papa. Em 1988, em Itália, foi consagrado como bispo.

As aparências enganam
A nomeação de D. Ximenes Belo foi do agrado do núncio apostólico em Jacarta e dos próprios líderes indonésios pela sua aparente submissão. No entanto, cinco meses bastaram para que, num sermão na sé catedral, Ximenes Belo tecesse veementes protestos contra as brutalidades do massacre de Craras em 1983, perpetrado pela Indonésia. Nos dias de ocupação, a igreja era a única instituição capaz de comunicar com o mundo exterior, o que levou D. Ximenes Belo a enviar sucessivas cartas a personalidades em todo o mundo, tentando vencer o isolamento imposto pelos indonésios e o desinteresse de grande parte da comunidade internacional e da própria Igreja Católica.
Em Fevereiro de 1989 Ximenes Belo escreveu ao presidente de Portugal, Mário Soares, ao papa João Paulo II e ao secretário-geral da ONU, Javier Pérez de Cuellar, reclamando por um referendo sob os auspícios da ONU sobre o futuro de Timor-Leste e pela ajuda internacional ao povo timorense que estava “a morrer como povo e como nação”. No entanto, quando a carta dirigida à ONU se tornou pública em Abril, D. Ximenes Belo tornou-se uma figura pouco querida pelas autoridades indonésias. Esta situação veio a piorar ainda mais quando o bispo deu abrigo na sua própria casa a jovens que tinham escapado ao massacre de Santa Cruz (1991) e denunciou os números das vítimas mortais.

Prémio Nobel da Paz
A sua obra corajosa em prol dos timorenses e em busca da paz e da reconciliação foi internacionalmente reconhecida quando, em conjunto com José Ramos-Horta, lhe foi entregue o Prémio Nobel da Paz em Dezembro de 1996, “Pelo seu trabalho conducente a uma solução justa e pacífica para o conflito em Timor-Leste”. Na sequência deste reconhecimento, Ximenes Belo teve oportunidade de se reunir com Bill Clinton dos Estados Unidos e Nelson Mandela da África do Sul. Após a independência de Timor-Leste, a 20 de Maio de 2002, a saúde do bispo começou a esmorecer perante a pressão dos acontecimentos que tinha vivido. O papa João Paulo II aceitou a sua demissão como administrador apostólico de Díli em 26 de Novembro de 2002. Após ter-se retirado, D. Ximenes Belo viajou para Portugal para receber tratamento médico. No início de 2004, houve numerosos pedidos para que se candidatasse à presidência da república de Timor-Leste. No entanto, em Maio de 2004 declarou: “Decidi deixar a política para os políticos”.

Em Portugal
Desde que deixou Timor, D. Ximenes Belo está radicado em Portugal e reside no Colégio Salesiano de São João Bosco, em Mogofores (Anadia), onde estudou quando era jovem.
Actualmente a escrever um livro, D. Ximenes Belo “passa muito tempo fechado”, o que levou o amigo Fernando Rego a convidá-lo a passar um dia na Figueira da Foz.
“Estive muitos anos como militar em Timor, e é de lá que vem a nossa amizade”, contextualiza Fernando Rego, que sabia da vontade de D. Ximenes Belo “conhecer melhor a Figueira da Foz”, uma vez que só cá tinha estado ‘de passagem’.
Nesta visita, o Prémio Nobel percorreu, pela manhã, a Serra da Boa Viagem, tendo gostado particularmente do miradouro da Bandeira.
Ao almoço, no restaurante Forte de Santa Catarina, seguiu-se a visita à Igreja de S. Pedro, guiada pelo padre Carlos Noronha.
Em brevíssimas declarações aos jornalistas, D. Ximenes Belo disse estar a gostar do passeio. “A Figueira é uma cidade bonita. Tem mar, como Timor, mas aqui está tudo mais desenvolvido, mais arranjado…”, fez notar.

04/10/2007
Ano 89º
Edição N.º 5528


O Figueirense

fevereiro 07, 2008

A história de uma queda?

Diário Notícias 04-02-2008 Página(s): 1/4/5

A conversa que marcou a queda do ministro da Saúde O DN descobriu na Anadia que o movimento que ditou a substituição do ministro da Saúde, Correia de Campos, começou numa conversa de café entre amigos. Uma grande reportagem sobre o outro lado da remodelação do Governo. Urgências. A substituição de Correia de Campos na pasta da Saúde é vista como uma oportunidade em Anadia para que as urgências voltem a abrir. E a cidade tem feito por isso, com um recorde de 15 manifestações. O DN foi conhecer as caras por detrás dos protestos que têm alimentado as notícias Que força é essa que nasceu em Anadia? Anadia no centro da contestação com 15 protestos Rute Araújo (Texto) RODRIGO CABRITA (Fotos) "Querem acabar com a urgência. Então e nós não fazemos nada?" No momento em que as palavras lhe saíram da boca, de rajada entre dois golos de café, nem Telma Soares acreditava que ela e José Paixão pudessem fazer tanto. E que, um ano depois, Anadia, cidade pequena no eixo do leitão, pouco habituada a ser notícia fora dos jornais da terra, se tornaria no epicentro da contestação à política de saúde. Tanto fizeram e abanaram que, um dia, o ministro caiu. Naquele exacto momento, quando o fecho das urgências era um plano feito por médicos ainda à espera da decisão política, Telma e José resolveram que não iriam perder a guerra, não sem pelo menos ir à luta. O "Movimento Unidos pela Saúde" tem inscrito no BI a data e o local de nascimento. 20 de Fevereiro de 2007, Bar Camelo, na Curia. Veio ao mundo de uma conversa de café entre Telma Soares e José Paixão, cada um "solteiro e os dois "só amigos". Foi ela que o baptizou, apesar de não haver maneira de a imprensa acertar com o nome. Ele é sindicalista da metalurgia e militante do PCP. Ela trabalha numa óptica e nunca votou, porque nem as lentes que vende na loja a fazem olhar para os políticos com outros olhos. Ele tem a desenvoltura das lutas de trabalhadores que se prolongam pela noite, em acesos plenários até às três da manhã. Ela tem aquela força das pessoas que aos seis meses já se punham de pé. Os meses a passarem, as notícias sobre os encerramentos a multiplicarem-se, as ideias a explodir nas cabeças de Telma e José Paixão. Ó Telma, e se plantássemos uma cruz em cada rotunda de Anadia? "Quando dou uma ideia e ela se ri, é porque é boa, está aprovada". O riso de Telma, que surge à vez com o de José Paixão, tem sido a medida de todas as coisas. E não é difícil fazer a Telma rir com todas as sardas, esfregar as mãos e dizer " bom lá". Por isso, são onze da noite e lá andam eles a plantar cruzes, com a ajuda do tio Soares que assa leitões e do Fernandito que trabalha na junta. "Tem sido todos os dias, depois do trabalho... Falar com pessoas, arranjar contactos. Não sei quanto dinheiro já gastámos. Só com os balões foram 300 euros. Mas tem sido muito divertido. Quer dizer... é uma coisa muito séria. Mas é muito divertido, só o prazer de chatear o ministro. Quer dizer... mas é uma coisa muito séria". O Fernandito, que trabalha na junta e tem ajudado sempre que pode, conhece alguém na polícia e todos os outros presidentes das juntas. Não são precisos mais que três passos na cadeia de relações para chegar ao presidente da câmara. Mas, em Anadia, quem é que não se conhece? O presidente Litério Marques, também sabe quem é José Paixão. No início, a cara do movimento queria ficar na sombra, que o presidente era bem capaz de boicotar uma coisa na mão de comunistas. Bem dito, bem feito. A primeira manifestação embateu de frente na vontade do autarca, a quem não interessava o barulho, porque corriam ainda as negociações com Correia de Campos. Mas falhado o protocolo, a mesma causa juntou duas vontades, a do comunista José Paixão e a do socialdemocrata Litério Marques. "Ele não tem nada a ver com isto. Apoianos, mas não se mete." Que fique esclarecido, porque a Telma não anda para aqui a ter ideias, umas atrás das outras, para o presidente da câmara ficar com os louros. O Fernandito, que trabalha na junta, está sempre preocupado e vai controlando o curso dos protestos, não vá o Paixão ter uma ideia maluca e a Telma rir-se. A adrenalina da primeira manifestação - "e se aquilo corre mal, pode dar para o torto, tanta gente junta, com os ânimos exaltados..." -, um fardo de palha deixado à porta da Administração Regional de Saúde do Centro, um cemitério baptizado de Hospital Correia de Campos, nuvens de balões pretos e brancos nos céus de Anadia. E as televisões a fazerem directos, os partidos a juntarem-se aos protestos. Dois dias passaram e Telma ainda não sente os dedos de tanto encher balões - "também, pudera... das dez da manhã às quatro da tarde". Além dos dedos, as pernas também se ressentem dos quilómetros de carro pelas aldeias, com o altifalante a passar a mensagem para quem queria e não queria ouvir. Não foram precisos os altifalantes para que a mensagem da revolta popular chegasse ao edifício a brilhar de renovado dos paços do concelho, onde governa Litério Marques, um autarca do PSD rural que sabe falar ao ouvido do povo. Em Anadia, difícil é encontrar pessoas que não trabalhem ou tenham trabalhado na câmara. São de lá os quatro bombeiros remunerados que ajudam a manter o socorro 24 horas por dia na corporação de voluntários. É de lá o arquitecto que desenhou o projecto do novo edifício, moderno e pintado a cores num cartaz em destaque à entrada do quartel. Anda tudo ligado e, em Anadia, tudo é perto de tudo. Dos bombeiros vê-se o hospital, do centro de saúde vê-se o cemitério Correia de Campos, do hospital vê-se a cidade toda. O que existe, está ali à mão. Mas desde 2 de Janeiro, as urgências emigraram para Coimbra e já não se vêem de lado nenhum. As placas azuis à saída das rotundas a dizer "urgências" foram substituídas por outras a indicar "centro de saúde". E as pessoas ficaram baralhadas, dão mais duas voltas e sentem que a rotunda perdeu uma direcção e elas uma saída. Só pode ser engano, centro de saúde já Anadia tinha, e não é para ali. Funciona no edifício umas ruas abaixo, onde se chega às 05.00 ou às 06.00 da madrugadas de geada para arranjar vez para o doutor. "Então se estou doente, venho para aqui ao frio, ficar mais doente ainda?" Para os habitantes de Anadia, o nome urgência confunde-se com o de saúde. E o mais importante, toda a gente sabe, é ter saúde. Por isso, o que não tem preço não se troca. Nem por uma consulta aberta, "só para tapar os olhos", nem uma viatura do INEM estacionada à porta, "agora as pessoas são atendidas no meio da estrada?", nem pela promessa de outros serviços no hospital. Não lhes vendam gato por lebre, que a terra é de leitões. Assim pensam, convictos, os habitantes que têm alimentado as manifestações. Por mais que o ministro Correia de Campos tivesse dito e redito na televisão que é o melhor, que em Coimbra as condições são outras, que é só meia hora de caminho, não há quem lhes tire da cabeça que foram "roubados". As últimas semanas têm formado dentro de cada anadiense um especialista em saúde. Quem é que hoje não sabe o que é um desfibrilhador, um SUB ou uma VMER? A Telma sabe de certeza. "No outro dia aprendi quais são os sintomas de uma AVC a ouvir o ministro". "Exactamente. Então é mesmo quando ele começa a falar que eu fico com os sintomas", atira José Paixão. Correia de Campos era a encarnação de todos os males da saúde do concelho, e já tinha lugar marcado no cortejo de carnaval de Anadia. Telma até sonha com ele de tantas voltas à cabeça as urgências lhe têm dado. Agora, a reforma mudou de rosto, mas os protestos vão continuar. "Não é pela queda do ministro que lutamos, é pela reabertura dás urgências. Enquanto elas não abrirem, a luta continua", promete José Paixão. O assunto está entranhado por toda a cidade. Mais do que uma preocupação, o fecho das urgências tornou-se uma piada que ultrapassa as dos Gatos Fedorentos no top mais das mais repetidas. Se uma garrafa cai ao chão num café, logo alguém lembra que, sem urgência na cidade, o melhor é ter cuidado com os vidros. Se a entrada está escorregadia do detergente de lavanda e pinho, é de evitar as quedas, não vá um pé .torcido acabar em seis horas passadas na sala de espera dos Hospitais da Universidade de Coimbra. "No início ninguém queria fazer nada. Mas hoje tenho a sensação que, mesmo sem nós, as coisas não vão parar", diz Telma. No BI do Movimento Unidos pela Saúde, a data de expiração está em branco. Não se sabe por onde vai, mas sabe-se que não vai embora com "Correia de Campos. Há um ano que Telma e José Paixão andam a ler notícias sobre saúde. Controlam ao minuto as ambulâncias do INEM que passam e param em Anadia. Receberam na terra todos os políticos e mais alguns jornalistas. Fizeram directos na TV. Alimentaram notícias. E viram Correia de Campos cair. Agora, do alto das suas 15 manifestações, vão medir o pulso à nova ministra. Obras recentes do hospital custaram três milhões Fecho. Administração queixa-se de a unidade ter sido tratada como "um deserto" O Hospital da Anadia não parou no tempo. De 2004 a 2007 ganhou salas e equipamentos, modernizou serviços e alargou cuidados. Foram gastos três milhões de euros a desenvolver a unidade. "Tudo com verbas do PIDDAC e do Saúde XXI, tudo aprovado centralmente, tudo seguindo os critérios técnicos", lembra o presidente do conselho de administração, José Afonso. Por isso, não foi propriamente de braços abertos que os profissionais receberam a notícia de que os critérios tinham mudado e perderiam a urgência. "A reforma até faz sentido, mas não assim, com a tutela a referir-se a nós como se aqui fosse o deserto, como se aqui não houvesse nada. Ainda não consegui digerir isto tudo. Parece que não acertámos em nada do que fizemos nestes anos", acrescenta o administrador, lamentado "a politização com que o assunto foi tratado". Os corredores da urgência da Anadia, vazios à espera do resultado da providência cautelar, têm todos os equipamentos que um serviço de urgência básico deve ter. Tem desfibrilhadores, uma sala de observação, outra de emergência e até um espaço para as crianças não estarem misturadas com os adultos. Os médicos tiveram formação em suporte imediato de vida. E Anadia foi o primeiro hospital de nível 1 a instalar a triagem de Manchester. O único requisito que faltava era haver dois clínicos em permanência durante toda a noite. Mas as verbas para este ano já contemplavam um reforço. Apesar de José Afonso admitir dificuldades em contratar mais profissionais sempre houve, apesar de Coimbra estar ali a 40 minutos de distância. "Sem incentivos, é difícil aliciar mais médicos". "Claro que não podemos fazer cirurgia cardiotorácica. Mas há muitos casos que podiam resolver-se aqui". Contudo, os doentes referenciados para a unidade são cada vez menos. E, com a forma como o processo foi conduzido", José Afonso e os seus médicos sentem que o seu trabalho de anos foi posto em causa.

dezembro 14, 2007

Feromonas

A investigação do ser humano provou que ele comunica sexualmente com outro ser humano de uma forma inconsciente, libertando para isso uma substância química que terá por objectivo cativar o sexo oposto. Esta substância química, que existe tanto nos homens como nos animais, é denominada de feromona.
As feromonas não são mais do que sinais químicos que permitem a membros de uma mesma espécie comunicarem entre si. Estes mecanismos a que o homem não liga importância, são moléculas transportadas pelo ar tais como os odores e detectadas pelo nariz, ou mais propriamente pelo Órgão Vomeronasal (OVN). No entanto, não poderemos comparar as feromonas com os odores, visto que estes sinais químicos são inodoros e por isso actuam a um nível inconsciente, ao contrário dos odores.
Esta substância está presente no suor, e actua nos seres humanos alterando os seus comportamentos. Alguns cientistas descobriram que todos os seres humanos escolhem para seu par alguém com um sistema imunológico o mais diferente possível do seu. Um estudo realizado, em que algumas mulheres cheiraram camisolas impregnadas de suores de homens, concluiu que as mulheres preferiam os cheiros dos homens imunitariamente diferentes, dizendo que lhes faziam lembrar antigos namorados ou o actual companheiro, e por outro lado gostavam das camisolas dos homens com sistemas imunológicos parecidos com os seus, dizendo que lhes fazia lembrar os seus pais ou irmãos.
Uma coisa é certa, as feromonas actuam no ser humano de um modo inconsciente, alterando a sua maior ou menor atracção por outro ser.
Com base nisso e devido ao facto de as feromonas poderem ser criadas artificialmente, empresas fabricantes de perfumes e t-shirts desenvolveram estes produtos impregnando-os de feromonas. É discutível se estes produtos, que estão à venda em muitos sítios inclusivamente na Internet, poderão ter efeitos noutras pessoas, porque como foi dito atrás os seres humanos são sensíveis a parâmetros de inteligência e a factores culturais.
Existem no entanto várias formas de abordar o assunto, e qualquer uma delas é justificada. Para uns as t-shirts e os perfumes poderão ter efeito, não por conterem feromonas, mas pela auto-estima adquirida pela pessoa que usa esses produtos, que aumenta significativamente, por julgar que está irresistível, e isso sim pode ajudar na atracção sexual. Para outros é tudo uma questão de ficção, visto que uma pessoa ao usar esses produtos fica diferente com a ideia de que isso mudou a sua vida.
Não sabemos ainda se a comunicação química é significativa entre os seres humanos, mas podemos afirmar que as feromonas influenciam o nosso comportamento, alterando de uma forma ou de outra as sensações do homem. No entanto, podemos verificar que as feromonas desempenham um papel muito importante no desencadear de estímulos que podem levar a uma atracção sexual.

novembro 29, 2007

O rio Cértoma

O rio Cértima, sub-afluente do rio Vouga; nasce na Serra do Buçaco, ligeiramente a Sul da Cruz Alta, a uma altitude de 380m e percorre uma distância de aproximadamente 43km, na direcção geral Sul-Norte, atravessando quatro concelhos: Mealhada, Anadia, Oliveira do Bairro e Águeda, até desaguar no Rio Águeda, nas imediações da ponte de Requeixo, não sem antes atravessar a Pateira de Fermentelos.
Os seus principais afluentes da margem direita são: Rio da Serra da Cabria (que desagua nas imediações de Avelãs de Caminho) e o Rio da Serra, propriamente dito, (que desagua perto de Mogofores; os afluentes da margem esquerda são: o Rio Levira (que desagua junto a Perrães), a Ribª da Lendiosa que se vai juntar à Ribª de Canelo e o Rio da Ponte (que vai desaguar nas imediações de Vimieira), contribuindo para o engrossamento do Cértima.
O nome do rio (designado de Cértoma até Avelãs de Caminho) é de origem celta.
No entanto, existe uma lenda que conta que um dia, quando a rainha Santa Isabel se dirigia a Santiago de Compostela em peregrinação, ao passar por estas paragens sentiu sede e pediu água aos seus vassalos. Estes logo correram ao rio, provaram a água e, ao voltarem com uma vasilha cheia, preveniram a rainha de que a água não era boa. Contudo a rainha bebeu dela e, não tendo gostado, no fim terá dito "Certo má" (Cértoma).

novembro 22, 2007

Alferrarede e não Anadia














Uma pequena investigação fez-me concluir que o filho do 7º Conde de Anadia é apenas o 2º Conde de Alferrarede, pelo que o título da notícia está manifestamente inadequado, se bem que seja muito mais impressivo o título Anadia.

outubro 22, 2007

Notícia de jornal








Caves Valdarcos falida vai vender património
2007-10-05 Jornal de Notícias Tãnia Moita
A Caves Valdarcos, empresa que labora em Anadia desde 1926, produzindo e comercializando vinhos, espumantes e licores com a marca homónima, vai mesmo avançar para a insolvência. Esta foi a proposta apresentada ontem, no tribunal de Anadia, pelo liquidatário judicial, Fernando da Silva e Sousa, e aceite pela Assembleia de Credores. A antiga gerência ainda referiu acreditar na viabilização da empresa, encerrada desde Março, mas não se opôs à deliberação da maioria de avançar já para a venda de todo o património da empresa, inclusive de activos, existências, créditos sobre clientes e direitos das marcas que comercializa. Com uma dívida global de 1,2 milhões de euros, incluindo as indemnizações aos cerca de 20 trabalhadores da empresa, alguns dos quais com mais de 10 anos de casa, o liquidatário judicial considerou não haver condições para a apresentação de um plano de insolvência, que pressuporia a recuperação da empresa. Propôs antes a venda, em carta fechada e depois da avaliação de um perito, de tudo o que pertence à Caves Valdarcos, incluindo no património alguns dos bens que haviam sido vendidos pela antiga gerência antes do pedido de falência, em Março deste ano. Nomeadamente, a antiga gerência aceitou a resolução do contrato de cessão graciosa do edifício onde está instalada a empresa a uma terceira, com gerentes comuns à Caves Valdarcos. Também a venda do parque automóvel da empresa, em Janeiro, por cerca de 45 mil euros, alegadamente com o intuito de evitar a apreensão dos veículos, poderá ser anulada. O liquidatário judicial defendeu a entrega de um valor compensatório mínimo de 15 mil euros à massa insolvente, mas a antiga gerência fez saber que se o valor definido pela Comissão de Credores for superior, optará pela resolução do contrato de venda. Maior discussão suscitou a questão levantada pelo advogado dos trabalhadores acerca da eventual venda de equipamento e maquinaria da empresa no valor de 202 mil euros antes do pedido de falência. O advogado da Caves Valdarcos negou a transacção, afirmando que, a haver documentação, só poderia ser falsa. E protestou contra o que considerou "suspeitas infundadas" sobre a insolvente. A juíza acabou por intervir e referiu que a questão, a ser levantada, seria para outra instância.

Urbano & Seabra, Lda. - O fim da história?

1.o JUÍZO DO TRIBUNAL DA COMARCA DE ANADIA
Anúncio n.o 4226/2007
Insolvência de pessoa colectiva (apresentação)
Processo n.o 648/07.2TBAND
Insolvente—Caves Valdarcos, L.da, e outro(s).
Presidente da comissão de credores—Banco Comercial Português, S. A., e outro(s).
No 1.o Juízo do Tribunal da Comarca de Anadia, no dia 23 de Maio de 2007, ao meio-dia, foi proferida sentença de declaração de insolvência do devedor Caves Valdarcos, L.da, número de identificação fiscal 500293759, com sede na Malaposta, 3780 Anadia.
É administrador do devedor Armando Adriano Ferreira Pereira, número de identificação fiscal 168003031, com domicílio em Cruzeiro, Alféloas, 3780 Anadia.
Para administrador da insolvência é nomeado António Moreira Bonifácio, com domicílio no Edifício Ordem IV-R, rés-do-chão, piso 4 C, apartado 47, 4634-909 Marco de Canaveses.
Ficam advertidos os devedores do insolvente de que as prestações a que estejam obrigados deverão ser feitas ao administrador da insolvência e não ao próprio insolvente.
Ficam advertidos os credores do insolvente de que devem comunicar de imediato ao administrador da insolvência a existência de quaisquer garantias reais de que beneficiem.
Declara-se aberto o incidente de qualificação da insolvência com carácter pleno [alínea i) do artigo 36.o do CIRE].
Para citação dos credores e demais interessados correm éditos de cinco dias.
Ficam citados todos os credores e demais interessados de tudo o que antecede e ainda de que o prazo para a reclamação de créditos foi fixado em 30 dias.
O requerimento de reclamação de créditos deve ser apresentado ou remetido por via postal registada ao administrador da insolvência nomeado, para o domicílio constante do presente edital (n.o 2 do artigo 128.o do CIRE), acompanhado dos documentos probatórios de que disponham.
Mesmo o credor que tenha o seu crédito por reconhecido por decisão definitiva, não está dispensado de o reclamar no processo de insolvência (n.o 3 do artigo 128.o do CIRE).
Do requerimento de reclamação de créditos deve constar (n.o 1 do artigo 128.o do CIRE):
A proveniência do(s) crédito(s), data de vencimento, montante de capital e de juros;
As condições a que estejam subordinados, tanto suspensivas como resolutivas;
A sua natureza comum, subordinada, privilegiada ou garantida, e, neste último caso, os bens ou direitos objecto da garantia e respectivos dados de identificação registral, se aplicável;
A existência de eventuais garantias pessoais, com identificação dos garantes;
A taxa de juros moratórios aplicável.
É designado o dia 23 de Julho de 2007, pelas 14 horas, para a realização da reunião de assembleia de credores de apreciação do relatório, podendo fazer-se representar por mandatário com poderes especiais para o efeito.
É facultada a participação de até três elementos da comissão de trabalhadores ou, na falta desta, de até três representantes dos trabalhadores por estes designados (n.o 6 do artigo 72.o do CIRE).
Da presente sentença pode ser interposto recurso, no prazo de 10 dias (artigo 42.o do CIRE), e ou deduzidos embargos, no prazo de 5 dias (artigos 40.o e 42.o do CIRE).
Com a petição de embargos devem ser oferecidos todos os meios de prova de que o embargante disponha, ficando obrigado a apresentar relatório, podendo fazer-se representar por mandatário com poderes especiais para o efeito.
É facultada a participação de até três elementos da comissão de trabalhadores ou, na falta desta, de até três representantes dos trabalhadores por estes designados (n.o 6 do artigo 72.o do CIRE).
Da presente sentença pode ser interposto recurso, no prazo de 10 dias (artigo 42.o do CIRE), e ou deduzidos embargos, no prazo de 5 dias (artigos 40.o e 42.o do CIRE).
Com a petição de embargos, devem ser oferecidos todos os meios de prova de que o embargante disponha, ficando obrigado a apresentar as testemunhas arroladas, cujo número não pode exceder os limites previstos no artigo 789.o do Código de Processo Civil (n.o 2 do artigo 25.o do CIRE).
Ficam ainda advertidos de que os prazos para recurso, embargos e reclamação de créditos só começam a correr finda a dilação e que esta se conta da publicação do último anúncio.
Os prazos são contínuos, não se suspendendo durante as férias judiciais (n.o 1 do artigo 9.o do CIRE).
Terminando o prazo em dia em que os tribunais estiverem encerrados, transfere-se o seu termo para o 1.o dia útil seguinte.
Informação — Plano de insolvência
Pode ser aprovado plano de insolvência com vista ao pagamento dos créditos sobre a insolvência, a liquidação da massa e a sua repartição pelos titulares daqueles créditos e pelo devedor (artigo 192.o do CIRE).
Podem apresentar proposta de plano de insolvência o administrador da insolvência, o devedor, qualquer pessoa responsável pelas dívidas da insolvência ou qualquer credor ou grupo de credores que representem um quinto do total dos créditos não subordinados reconhecidos na sentença de graduação de créditos ou, na falta desta, na estimativa do juiz (artigo 193.o do CIRE).
5 de Setembro de 2007.—A Juíza de Direito, Maria de Fátima
Cerveira da Cunha Lopes Furtado.—O Oficial de Justiça, Maria Gilberta Campos Vieira da Silva.

abril 13, 2007

D. Maria II

D. Maria II
Contava apenas 7 anos, quando seu pai, D. Pedro IV, abdicou do trono de Portugal em seu favor, em Abril de 1826.
Devia casar, logo que tivesse idade, com o tio, D. Miguel, nomeado regente e lugar-tenente do reino, o que foi aceite pelo Infante, em Julho de 1826, assumindo a regência, ao chegar a Lisboa, em Janeiro de 1828, após ter jurado fidelidade à rainha e à Carta Constitucional.
D. Maria foi enviada para a Europa em Julho de 1828, para defender os seus direitos ao trono, tendo ficado a residir em Londres, e a partir de 1831 em França.
Só em 24 de Setembro de 1834, com o fim da Guerra Civil, tendo quinze anos de idade, assumiu o governo do País.
Casou em 1835 com Augusto de Leuchtenberg, filho de Eugénio de Beauharnais, e neto da Imperatriz Josefina, primeira mulher de Napoleão Bonaparte, irmão mais velho da segunda mulher de D. Pedro IV, mas que morreu logo em Março desse ano.
Neste ano pôs-se à venda todos os bens de raiz nacionais, pertencentes à Igreja Patriarcal, às Casas das Rainhas e do Infantado, das corporações religiosas já extintas e das capelas reais.
D. Maria casou segunda vez com Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, irmão do rei dos Belgas, Leopoldo I, e primo do marido da rainha Vitória da Inglaterra, o príncipe Alberto. O casamento realizou-se em 9 de Abril de 1836.
Durante o seu curto reinado, passado num dos mais conturbados períodos da nossa história, o das lutas entre liberais e absolutistas, vários acontecimentos históricos se passaram: a Guerra Civil, a revolução de Setembro, a Belenzada, Revolta dos Marechais, a Maria da Fonte, a Patuleia.
Sucedeu-lhe o seu filho mais velho, D. Pedro V.

Ficha genealógica:
D. Maria II nasceu no Rio de Janeiro, no Palácio de S. Cristóvão, a 4 de Abril de 1819, recebendo o nome de Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga. Morreu no Palácio das Necessidades, a 15 de Novembro de 1853, em consequência de parto.
Casou em primeiras núpcias com D. Augusto de Leuchtenberg, nascido em Munique a 9 de Dezembro de 1810, tendo morrido em Lisboa a 28 de Março de 1835, duque e príncipe de Leuchtenberg e de Santa Cruz, filho de Eugénio de Beauharnais, então vice-rei de Itália, e da princesa Augusta Amélia, filha de Maximiliano José I da Baviera. Não tendo havido descendência.
Voltou a casar em Lisboa, a 9 de Abril de 1836, com D. Fernando Augusto, nascido em Coburgo a 29 de Outubro de 1816, e falecido em Lisboa, a 15 de Dezembro de 1885, filho de Fernando Augusto, príncipe e duque de Saxe Coburgo Gotha e de sua mulher Maria Antonieta Gabriela, princesa de Koari.
Do casamento nasceram:
1.
D. Pedro V , que sucedeu no trono;
2.
D. Luís, duque do Porto, que em 1861 sucedeu a seu irmão;
3. D. Maria. Nasceu em Lisboa, no Palácio das Necessidades, a 4 de Outubro de 1840, tendo falecido no mesmo dia;
4. D. João. Nasceu em Lisboa, no Palácio das Necessidades, a 16 de Março de 1842, e faleceu no Palácio de Belém em 27 de Dezembro de 1861. Era Duque de Beja e de Saxe Coburgo Gotha;
5. D. Maria Ana. Nasceu no Palácio das Necessidades, a 21 de Agosto de 1843, e faleceu em Dresda, a 5 de Fevereiro de 1884. Casou em Lisboa, a 11 de Maio de 1859, com Frederico Augusto (1832-1904) que foi rei da Saxónia, com o nome de Jorge III. Com descendência;
6. D. Antónia. Nasceu em Lisboa, no Palácio das Necessidades, a 17 de Fevereiro de 1845, e morreu em Sigmarinen, a 27 de Dezembro de 1913. Casou em Lisboa, a 12 de Setembro de 1861, com Leopoldo Estevão Carlos (1835-1905), príincipe de Hohenzollern. Com descendência;
7. D. Fernando. Nasceu em Lisboa, no Palácio de Belém, em 23 de Julho de 1846, e faleceu no Palácio das Necessidades, a 6 de Novembro de 1861, estando sepultado no Panteão Real de S. Vicente de Fora.
8. D. Augusto. Nasceu em Lisboa, no Palácio das Necessidades, a 4 de Novembro de 1847, e faleceu no mesmo local a 26 de Setembro de 1889.Está sepultado no Panteão Real de S. Vicente de Fora. Foi duque de Caminha e de Saxe Coburgo Gotha;
9. D. Leopoldo. Nasceu em Lisboa, no Palácio das Necessidades, a 7 de Maio de 1849, tendo falecido no mesmo dia;
10. D. Maria. Nasceu no Palácio das Necessidades, em 3 de Fevereiro de 1851, e morreu no mesmo dia.
11. D. Eugénio. Nasceu no palácio das Necessidades, a 15 de Novembro de 1853, e faleceu no mesmo dia.

Fontes: Joel Serrão (dir.) Pequeno Dicionário de História de Portugal, Lisboa, Iniciativas Editoriais, 1976
Joaquim Veríssimo Serrão História de Portugal, Volume VII: A Instauração do Liberalismo (1807-1832), e História de Portugal, Volume VIII: Do Mindelo à Regeneração (1832-1851) Lisboa, Verbo, 1984 e 1986