Textos relacionados com os 'posts' do Ponte da Pedra

junho 23, 2008

Valonga

São 2.600 metros quadrados de pinhal (ou floresta virgem), para aí 30x87m, encostados ao Marquês da Graciosa, em São Mateus. Uma perfeita extravagância!

























junho 11, 2008

Anadia por todo o lado































Mas nem sempre se consegue conjugar correctamente a palavra Anadia

fevereiro 12, 2008

D. Ximenes Belo

D. Ximenes Belo em visita particular à Figueira da Foz

D. Ximenes Belo esteve esta terça-feira na Figueira da Foz a convite de um amigo, para descontrair e respirar ar puro. O Prémio Nobel da Paz de 1996 visitou a Serra da Boa Viagem e a Igreja de S. Pedro.

Carlos Filipe Ximenes Belo nasceu em 1948, mas é como D. Ximenes Belo, bispo da Igreja Católica que fica na História.
Quinto filho de Domingos Vaz Filipe e de Ermelinda Baptista Filipe, Carlos Filipe Ximenes Belo nasceu na aldeia de Uailacama, concelho (hoje distrito) de Baucau, na costa norte do então Timor Português. O seu pai, professor primário, faleceu quando o jovem Carlos Filipe tinha apenas dois anos de idade. Os anos de infância foram passados nas escolas católicas de Baucau e Ossu, antes de ingressar no seminário de Daré, nos arredores de Díli, formando-se em 1968. Exceptuando um pequeno período entre 1974 e 1976 – quando esteve em Timor e em Macau –, entre 1969 e 1981, Ximenes Belo repartiu o seu tempo entre Portugal e Roma, onde se tornou membro da congregação dos Salesianos e estudou filosofia e teologia antes de ser ordenado padre em 1980.
De regresso a Timor-Leste em Julho de 1981, D. Ximenes Belo esteve ligado ao Colégio Salesiano de Fatumaca, onde foi professor e director. Quando em 1983 se reformou Martinho da Costa Lopes, Carlos Filipe Ximenes Belo foi nomeado administrador apostólico da diocese de Díli, tornando-se chefe da igreja em Timor-Leste, respondendo exclusivamente perante o papa. Em 1988, em Itália, foi consagrado como bispo.

As aparências enganam
A nomeação de D. Ximenes Belo foi do agrado do núncio apostólico em Jacarta e dos próprios líderes indonésios pela sua aparente submissão. No entanto, cinco meses bastaram para que, num sermão na sé catedral, Ximenes Belo tecesse veementes protestos contra as brutalidades do massacre de Craras em 1983, perpetrado pela Indonésia. Nos dias de ocupação, a igreja era a única instituição capaz de comunicar com o mundo exterior, o que levou D. Ximenes Belo a enviar sucessivas cartas a personalidades em todo o mundo, tentando vencer o isolamento imposto pelos indonésios e o desinteresse de grande parte da comunidade internacional e da própria Igreja Católica.
Em Fevereiro de 1989 Ximenes Belo escreveu ao presidente de Portugal, Mário Soares, ao papa João Paulo II e ao secretário-geral da ONU, Javier Pérez de Cuellar, reclamando por um referendo sob os auspícios da ONU sobre o futuro de Timor-Leste e pela ajuda internacional ao povo timorense que estava “a morrer como povo e como nação”. No entanto, quando a carta dirigida à ONU se tornou pública em Abril, D. Ximenes Belo tornou-se uma figura pouco querida pelas autoridades indonésias. Esta situação veio a piorar ainda mais quando o bispo deu abrigo na sua própria casa a jovens que tinham escapado ao massacre de Santa Cruz (1991) e denunciou os números das vítimas mortais.

Prémio Nobel da Paz
A sua obra corajosa em prol dos timorenses e em busca da paz e da reconciliação foi internacionalmente reconhecida quando, em conjunto com José Ramos-Horta, lhe foi entregue o Prémio Nobel da Paz em Dezembro de 1996, “Pelo seu trabalho conducente a uma solução justa e pacífica para o conflito em Timor-Leste”. Na sequência deste reconhecimento, Ximenes Belo teve oportunidade de se reunir com Bill Clinton dos Estados Unidos e Nelson Mandela da África do Sul. Após a independência de Timor-Leste, a 20 de Maio de 2002, a saúde do bispo começou a esmorecer perante a pressão dos acontecimentos que tinha vivido. O papa João Paulo II aceitou a sua demissão como administrador apostólico de Díli em 26 de Novembro de 2002. Após ter-se retirado, D. Ximenes Belo viajou para Portugal para receber tratamento médico. No início de 2004, houve numerosos pedidos para que se candidatasse à presidência da república de Timor-Leste. No entanto, em Maio de 2004 declarou: “Decidi deixar a política para os políticos”.

Em Portugal
Desde que deixou Timor, D. Ximenes Belo está radicado em Portugal e reside no Colégio Salesiano de São João Bosco, em Mogofores (Anadia), onde estudou quando era jovem.
Actualmente a escrever um livro, D. Ximenes Belo “passa muito tempo fechado”, o que levou o amigo Fernando Rego a convidá-lo a passar um dia na Figueira da Foz.
“Estive muitos anos como militar em Timor, e é de lá que vem a nossa amizade”, contextualiza Fernando Rego, que sabia da vontade de D. Ximenes Belo “conhecer melhor a Figueira da Foz”, uma vez que só cá tinha estado ‘de passagem’.
Nesta visita, o Prémio Nobel percorreu, pela manhã, a Serra da Boa Viagem, tendo gostado particularmente do miradouro da Bandeira.
Ao almoço, no restaurante Forte de Santa Catarina, seguiu-se a visita à Igreja de S. Pedro, guiada pelo padre Carlos Noronha.
Em brevíssimas declarações aos jornalistas, D. Ximenes Belo disse estar a gostar do passeio. “A Figueira é uma cidade bonita. Tem mar, como Timor, mas aqui está tudo mais desenvolvido, mais arranjado…”, fez notar.

04/10/2007
Ano 89º
Edição N.º 5528


O Figueirense

fevereiro 07, 2008

A história de uma queda?

Diário Notícias 04-02-2008 Página(s): 1/4/5

A conversa que marcou a queda do ministro da Saúde O DN descobriu na Anadia que o movimento que ditou a substituição do ministro da Saúde, Correia de Campos, começou numa conversa de café entre amigos. Uma grande reportagem sobre o outro lado da remodelação do Governo. Urgências. A substituição de Correia de Campos na pasta da Saúde é vista como uma oportunidade em Anadia para que as urgências voltem a abrir. E a cidade tem feito por isso, com um recorde de 15 manifestações. O DN foi conhecer as caras por detrás dos protestos que têm alimentado as notícias Que força é essa que nasceu em Anadia? Anadia no centro da contestação com 15 protestos Rute Araújo (Texto) RODRIGO CABRITA (Fotos) "Querem acabar com a urgência. Então e nós não fazemos nada?" No momento em que as palavras lhe saíram da boca, de rajada entre dois golos de café, nem Telma Soares acreditava que ela e José Paixão pudessem fazer tanto. E que, um ano depois, Anadia, cidade pequena no eixo do leitão, pouco habituada a ser notícia fora dos jornais da terra, se tornaria no epicentro da contestação à política de saúde. Tanto fizeram e abanaram que, um dia, o ministro caiu. Naquele exacto momento, quando o fecho das urgências era um plano feito por médicos ainda à espera da decisão política, Telma e José resolveram que não iriam perder a guerra, não sem pelo menos ir à luta. O "Movimento Unidos pela Saúde" tem inscrito no BI a data e o local de nascimento. 20 de Fevereiro de 2007, Bar Camelo, na Curia. Veio ao mundo de uma conversa de café entre Telma Soares e José Paixão, cada um "solteiro e os dois "só amigos". Foi ela que o baptizou, apesar de não haver maneira de a imprensa acertar com o nome. Ele é sindicalista da metalurgia e militante do PCP. Ela trabalha numa óptica e nunca votou, porque nem as lentes que vende na loja a fazem olhar para os políticos com outros olhos. Ele tem a desenvoltura das lutas de trabalhadores que se prolongam pela noite, em acesos plenários até às três da manhã. Ela tem aquela força das pessoas que aos seis meses já se punham de pé. Os meses a passarem, as notícias sobre os encerramentos a multiplicarem-se, as ideias a explodir nas cabeças de Telma e José Paixão. Ó Telma, e se plantássemos uma cruz em cada rotunda de Anadia? "Quando dou uma ideia e ela se ri, é porque é boa, está aprovada". O riso de Telma, que surge à vez com o de José Paixão, tem sido a medida de todas as coisas. E não é difícil fazer a Telma rir com todas as sardas, esfregar as mãos e dizer " bom lá". Por isso, são onze da noite e lá andam eles a plantar cruzes, com a ajuda do tio Soares que assa leitões e do Fernandito que trabalha na junta. "Tem sido todos os dias, depois do trabalho... Falar com pessoas, arranjar contactos. Não sei quanto dinheiro já gastámos. Só com os balões foram 300 euros. Mas tem sido muito divertido. Quer dizer... é uma coisa muito séria. Mas é muito divertido, só o prazer de chatear o ministro. Quer dizer... mas é uma coisa muito séria". O Fernandito, que trabalha na junta e tem ajudado sempre que pode, conhece alguém na polícia e todos os outros presidentes das juntas. Não são precisos mais que três passos na cadeia de relações para chegar ao presidente da câmara. Mas, em Anadia, quem é que não se conhece? O presidente Litério Marques, também sabe quem é José Paixão. No início, a cara do movimento queria ficar na sombra, que o presidente era bem capaz de boicotar uma coisa na mão de comunistas. Bem dito, bem feito. A primeira manifestação embateu de frente na vontade do autarca, a quem não interessava o barulho, porque corriam ainda as negociações com Correia de Campos. Mas falhado o protocolo, a mesma causa juntou duas vontades, a do comunista José Paixão e a do socialdemocrata Litério Marques. "Ele não tem nada a ver com isto. Apoianos, mas não se mete." Que fique esclarecido, porque a Telma não anda para aqui a ter ideias, umas atrás das outras, para o presidente da câmara ficar com os louros. O Fernandito, que trabalha na junta, está sempre preocupado e vai controlando o curso dos protestos, não vá o Paixão ter uma ideia maluca e a Telma rir-se. A adrenalina da primeira manifestação - "e se aquilo corre mal, pode dar para o torto, tanta gente junta, com os ânimos exaltados..." -, um fardo de palha deixado à porta da Administração Regional de Saúde do Centro, um cemitério baptizado de Hospital Correia de Campos, nuvens de balões pretos e brancos nos céus de Anadia. E as televisões a fazerem directos, os partidos a juntarem-se aos protestos. Dois dias passaram e Telma ainda não sente os dedos de tanto encher balões - "também, pudera... das dez da manhã às quatro da tarde". Além dos dedos, as pernas também se ressentem dos quilómetros de carro pelas aldeias, com o altifalante a passar a mensagem para quem queria e não queria ouvir. Não foram precisos os altifalantes para que a mensagem da revolta popular chegasse ao edifício a brilhar de renovado dos paços do concelho, onde governa Litério Marques, um autarca do PSD rural que sabe falar ao ouvido do povo. Em Anadia, difícil é encontrar pessoas que não trabalhem ou tenham trabalhado na câmara. São de lá os quatro bombeiros remunerados que ajudam a manter o socorro 24 horas por dia na corporação de voluntários. É de lá o arquitecto que desenhou o projecto do novo edifício, moderno e pintado a cores num cartaz em destaque à entrada do quartel. Anda tudo ligado e, em Anadia, tudo é perto de tudo. Dos bombeiros vê-se o hospital, do centro de saúde vê-se o cemitério Correia de Campos, do hospital vê-se a cidade toda. O que existe, está ali à mão. Mas desde 2 de Janeiro, as urgências emigraram para Coimbra e já não se vêem de lado nenhum. As placas azuis à saída das rotundas a dizer "urgências" foram substituídas por outras a indicar "centro de saúde". E as pessoas ficaram baralhadas, dão mais duas voltas e sentem que a rotunda perdeu uma direcção e elas uma saída. Só pode ser engano, centro de saúde já Anadia tinha, e não é para ali. Funciona no edifício umas ruas abaixo, onde se chega às 05.00 ou às 06.00 da madrugadas de geada para arranjar vez para o doutor. "Então se estou doente, venho para aqui ao frio, ficar mais doente ainda?" Para os habitantes de Anadia, o nome urgência confunde-se com o de saúde. E o mais importante, toda a gente sabe, é ter saúde. Por isso, o que não tem preço não se troca. Nem por uma consulta aberta, "só para tapar os olhos", nem uma viatura do INEM estacionada à porta, "agora as pessoas são atendidas no meio da estrada?", nem pela promessa de outros serviços no hospital. Não lhes vendam gato por lebre, que a terra é de leitões. Assim pensam, convictos, os habitantes que têm alimentado as manifestações. Por mais que o ministro Correia de Campos tivesse dito e redito na televisão que é o melhor, que em Coimbra as condições são outras, que é só meia hora de caminho, não há quem lhes tire da cabeça que foram "roubados". As últimas semanas têm formado dentro de cada anadiense um especialista em saúde. Quem é que hoje não sabe o que é um desfibrilhador, um SUB ou uma VMER? A Telma sabe de certeza. "No outro dia aprendi quais são os sintomas de uma AVC a ouvir o ministro". "Exactamente. Então é mesmo quando ele começa a falar que eu fico com os sintomas", atira José Paixão. Correia de Campos era a encarnação de todos os males da saúde do concelho, e já tinha lugar marcado no cortejo de carnaval de Anadia. Telma até sonha com ele de tantas voltas à cabeça as urgências lhe têm dado. Agora, a reforma mudou de rosto, mas os protestos vão continuar. "Não é pela queda do ministro que lutamos, é pela reabertura dás urgências. Enquanto elas não abrirem, a luta continua", promete José Paixão. O assunto está entranhado por toda a cidade. Mais do que uma preocupação, o fecho das urgências tornou-se uma piada que ultrapassa as dos Gatos Fedorentos no top mais das mais repetidas. Se uma garrafa cai ao chão num café, logo alguém lembra que, sem urgência na cidade, o melhor é ter cuidado com os vidros. Se a entrada está escorregadia do detergente de lavanda e pinho, é de evitar as quedas, não vá um pé .torcido acabar em seis horas passadas na sala de espera dos Hospitais da Universidade de Coimbra. "No início ninguém queria fazer nada. Mas hoje tenho a sensação que, mesmo sem nós, as coisas não vão parar", diz Telma. No BI do Movimento Unidos pela Saúde, a data de expiração está em branco. Não se sabe por onde vai, mas sabe-se que não vai embora com "Correia de Campos. Há um ano que Telma e José Paixão andam a ler notícias sobre saúde. Controlam ao minuto as ambulâncias do INEM que passam e param em Anadia. Receberam na terra todos os políticos e mais alguns jornalistas. Fizeram directos na TV. Alimentaram notícias. E viram Correia de Campos cair. Agora, do alto das suas 15 manifestações, vão medir o pulso à nova ministra. Obras recentes do hospital custaram três milhões Fecho. Administração queixa-se de a unidade ter sido tratada como "um deserto" O Hospital da Anadia não parou no tempo. De 2004 a 2007 ganhou salas e equipamentos, modernizou serviços e alargou cuidados. Foram gastos três milhões de euros a desenvolver a unidade. "Tudo com verbas do PIDDAC e do Saúde XXI, tudo aprovado centralmente, tudo seguindo os critérios técnicos", lembra o presidente do conselho de administração, José Afonso. Por isso, não foi propriamente de braços abertos que os profissionais receberam a notícia de que os critérios tinham mudado e perderiam a urgência. "A reforma até faz sentido, mas não assim, com a tutela a referir-se a nós como se aqui fosse o deserto, como se aqui não houvesse nada. Ainda não consegui digerir isto tudo. Parece que não acertámos em nada do que fizemos nestes anos", acrescenta o administrador, lamentado "a politização com que o assunto foi tratado". Os corredores da urgência da Anadia, vazios à espera do resultado da providência cautelar, têm todos os equipamentos que um serviço de urgência básico deve ter. Tem desfibrilhadores, uma sala de observação, outra de emergência e até um espaço para as crianças não estarem misturadas com os adultos. Os médicos tiveram formação em suporte imediato de vida. E Anadia foi o primeiro hospital de nível 1 a instalar a triagem de Manchester. O único requisito que faltava era haver dois clínicos em permanência durante toda a noite. Mas as verbas para este ano já contemplavam um reforço. Apesar de José Afonso admitir dificuldades em contratar mais profissionais sempre houve, apesar de Coimbra estar ali a 40 minutos de distância. "Sem incentivos, é difícil aliciar mais médicos". "Claro que não podemos fazer cirurgia cardiotorácica. Mas há muitos casos que podiam resolver-se aqui". Contudo, os doentes referenciados para a unidade são cada vez menos. E, com a forma como o processo foi conduzido", José Afonso e os seus médicos sentem que o seu trabalho de anos foi posto em causa.