Comboio de alta velocidade passa ponte Chelas/Montijo
Adfer envia recados a António Mexia para que tome decisões «acertadas». E trave «gastos inúteis»
Chelas/Montijo é a travessia defendida pelo sector ferroviário. Ponte 25 de Abril não serve TGV
Associação Portuguesa para o Desenvolvimento do Transporte Ferroviário (Adfer) enviou na semana passada uma «série de conselhos» ao ministro dos Transportes para que tome «as decisões acertadas» em matéria de alta velocidade e não se deixe envolver pela «indefinição e os estudos em excesso». É preciso «travar os gastos inúteis em estudos, projectos e obras, em linhas, ramais e troços sem qualquer futuro».
Em declarações ao DN, Arménio Matias, presidente da associação, preconiza uma só saída do comboio de alta velocidade a partir de Lisboa, mais precisamente a partir da estação central que deverá ficar situada em Chelas/Olaias e daí sair em direcção à península do Montijo. A opção pelo Montijo explica-se porque se encontra na bissectriz das três direcções - Porto, Madrid e Huelva. A solução pela Ponte 25 de Abril, apesar de ser «tecnicamente possível», não só é dispendiosa como agrava o tempo de viagem. Segundo os cálculos da Adfer, «só o percurso entre o Pinhal Novo e a Gare do Oriente iria demorar 45 minutos. Para obter estes tempos de viagem não é preciso um comboio de alta velocidade», conclui. Uma só saída implica também menos investimento. Segundo aquele responsável, a construção de uma saída está avaliada entre 100 a 200 milhões de euros.
Com o objectivo de chamar a atenção do ministro das Obras Públicas para que não se cometam erros «grosseiros», a Adfer emitiu um comunicado em que pede ao Governo que «assuma sem qualquer equívoco» duas opções fundamentais para a futura rede ferroviária portuguesa. Assim, a associação alerta para a necessidade de desenvolver uma nova estação central de Lisboa da rede de alta velocidade, situada em Chelas/Olaias, «bem articulada com o sistema ferroviário suburbano através da linha de cintura, com rede do metropolitano de Lisboa através da linha vermelha com o transporte aéreo».
A segunda opção defendida visa a construção de uma nova travessia do Tejo, exclusivamente ferroviária, na directriz Chelas/Olaias - península do Montijo. «Essa travessia deverá ser de secção simples, com via em bitola europeia, ser exclusiva para o transporte de passageiros, admitir velocidades máximas de 160 km/h e constituir a ligação de Lisboa de todos os comboios de alta velocidade de todas as direcções, podendo eventualmente suportar ainda um shuttle Portela-Montijo e/ou um sub-urbano (bitola europeia) Chelas/Olaias-Pinhal Novo para completar a cintura ferroviária da Aérea Metropolitana de Lisboa. Sobre o recurso à Ponte 25 de Abril, Arménio Matias diz que «é tecnicamente possível», mas não defende a sua utilização à luz do desenvolvimento da alta velocidade noutros países. Se o Governo apontar para o recurso à Ponte 25 de Abril terão de ser colocados intercambiadores no Pinhal Novo ou em Évora, passando o comboio da bitola europeia para a ibérica. A escolha do material circulante seria restringida e apontaria para o Talgo Bibitola, que circula a 5 km/h nos intercambiadores. O tempo de viagem entre o Pinhal Novo e a Gare do Oriente demoraria cerca de 45 minutos. Outra solução é o recurso ao terceiro carril, «inviável à luz das novas tecnologias existentes».
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